A Escola Secundária com 3.º Ciclo de Madeira Torres pode, legitimamente, considerar-se a herdeira dos esforços do concelho de Torres Vedras em dotar-se de ensino secundário regular e público.
No final do século XIX, em 1890, foi criada a primeira escola secundária municipal, cuja existência foi, infelizmente, efémera.
No entanto, em 1919, por impulso de diversas individualidades locais, a Câmara Municipal de então fez, com muito maior êxito, ressuscitar o ensino secundário neste concelho. De facto, a Escola Secundária Municipal, desde essa data, e até 1970, serviu sucessivas gerações de alunos, ministrando os cursos do ensino liceal oficialmente aprovados.
Fruto da conjuntura de finais da década de 60 e de princípios dos anos 70, em que se assistiu a um alargamento da rede de estabelecimentos de ensino tutelados diretamente pelo Estado, a Escola Secundária Municipal tornou-se, em 1970/71, secção liceal do lisboeta Liceu Nacional de D. Pedro V. Esta passagem para a tutela estatal precedeu o passo seguinte: com efeito, no ano de 1972 foi criado o Liceu Nacional de Torres Vedras, antepassado próximo da nossa escola. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, com as modificações introduzidas no sistema de ensino, o Liceu veio a transformar-se em Escola Secundária n.º 2 de Torres Vedras (ficando como n.º 1 a antiga Escola Industrial e Comercial, cuja criação, enquanto estabelecimento estatal, foi anterior à do Liceu). Já na década de 80, com a necessidade de ultrapassar as designações numéricas, a Escola Secundária n.º 2 assumiu a denominação atual. No ano letivo de 1984/85 os órgãos da escola adotaram e propuseram ao Ministério da Educação o nome de Madeira Torres para seu patrono.
Patrono da Escola
Manuel Agostinho Madeira Torres nasceu na freguesia de São Pedro, em Torres Vedras, no dia 21 de novembro de 1771.
Depois de estudos elementares na, então, vila, matriculou-se na Universidade de Coimbra, em Direito Canónico, em 1789, tendo realizado exame para o grau de licenciatura em 1795.
Existem vagas referências à sua docência na Faculdade de Direito entre 1795 e 1797.
Nesse ano recebeu, do príncipe regente D. João ( futuro D. João VI), o priorado de Santa Maria do Castelo, tendo, de seguida, sido escolhido para vigário do Arciprestado. Foi desembargador honorário da Cúria, tendo, também, exercido este cargo na Relação da Sé Patriarcal.
Homem de vasta cultura, dele se conhece o “Sermão de Acção de Graças pelos Gloriosos Triunfos da Campanha de 1813”, dedicado à Virgem Maria e onde se revela um pouco do seu pensamento político.
Nomeado sócio da Academia Real das Ciências, em 1817, viu publicada por esta instituição, dois anos depois, a sua obra de referência, sobre História Local, “Descripçao Historica e Economica da Villa e Termo de Torres Vedras”; nesta, procura mostrar as vertentes geográfica, histórica, social e patrimonial da vila e termo, utilizando os métodos historiográficos então conhecidos, completados com vasta pesquisa documental.
A obra foi reeditada, em 1862, pela Universidade de Coimbra e, em 1988, pela Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras.
A “Parte Economica”, impressa em 1835, apresenta preciosos aspetos demográficos e económicos.
Madeira Torres, na sua qualidade de Prior de Santa Maria do Castelo, acompanhou de perto as invasões napoleónicas, tendo tido a responsabilidade de inspeção e administração das igrejas e conventos profanados e, ainda, o inventário dos respetivos estragos.
A ele coube, na sequência das invasões, a distribuição do Donativo Britânico para os necessitados da vila e termo de Torres Vedras.
Depois da Revolução Liberal de 1820, foi eleito deputado para as Cortes Gerais e Extraordinárias Constituintes da Nação Portuguesa, que se reuniram a partir de janeiro de 1821.
No Parlamento, integrou a Comissão Eclesiástica tendo, no plenário, adotado posições minoritárias e moderadas. Problemas de saúde levaram-no a abreviar a sua participação nas Cortes.
Voltando a Torres Vedras continuou, localmente, a acompanhar a evolução política e as transformações trazidas pelo Liberalismo.
Faleceu em 27 de Janeiro de 1836 e está sepultado na igreja de Santa Maria do Castelo.
Vivendo num tempo de mudança e de crise nacional, foi principalmente na sua faceta de estudioso e de homem de cultura que a Escola Secundária se inspirou para o propor como seu Patrono.
Caracterização da Escola
Espaço físico
As instalações da nossa escola, projetadas e construídas entre finais de 70 e princípios de 80, foram inauguradas no ano letivo de 1983/84, salvo o pavilhão de Educação Física, cuja utilização se iniciou no ano letivo de 1996/97, em partilha com a escola geminada Agrupamento de Escolas Padre Francisco Soares.
A sua construção, à época, constituiu o início de um processo de recentragem desta cidade. Com efeito, toda esta zona citadina era, até então, um quase completo espaço agrícola; os terrenos que agora são ocupados pela escola eram, no dizer local, as vinhas da Conquinha. Daí, ainda o designativo toponímico de escola/escolas da Conquinha.
Os edifícios escolares, não obstante algumas insuficiências funcionais e desadequação de materiais adotados enobrecem a valia arquitetónica da cidade.
O corpo principal, amplamente longitudinal no sentido norte-sul, com dois pisos, recebe a meio do seu desenvolvimento um eixo perpendicular, também de dois pisos.
Em espaço compartilhado com a vizinha escola, já citada, os dois estabelecimentos interligam-se e dispõem, para usufruto de ambos, o serviço de cozinha e respetivos anexos e pavilhão gimnodesportivo.
Em edifício autónomo, situado junto do topo sul do corpo principal, situa-se um complexo de salas, laboratórios e espaços oficinais da área de Construção Civil.
A nascente do corpo principal, e também no sentido norte-sul, existe implantado um complexo polidesportivo descoberto destinado à prática de desportos individuais e coletivos, composto por campo relvado de futebol, campo de basquetebol, campo de andebol, campo de voleibol e pista de atletismo. Este espaço é servido por um balneário.